Competência por prerrogativa de foro e desmembramento - 1
Compete ao Supremo Tribunal Federal decidir quanto à conveniência de desmembramento de procedimento de investigação ou persecução penal, quando houver pluralidade de investigados e um deles tiver prerrogativa de foro perante a Corte. Com base nessa orientação, a 2ª Turma resolveu questão de ordem no sentido de que fosse promovida a remessa à origem das ações penais autuadas no STF, bem como dos autos indiciários relacionados a não parlamentares, para que lá tivessem curso. A Turma determinou fosse promovido o desmembramento do feito, a permanecer sob a jurisdição do STF a investigação que tem como alvo integrante do Congresso Nacional, com remessa dos demais autos indiciários ao juízo de origem. Na espécie, reclamação fora protocolada no STF sob a alegação de que magistrado federal teria usurpado a competência do STF, porque diligências investigatórias presididas por aquele juízo teriam, dentre seus alvos, agentes políticos com foro por prerrogativa de função perante o Supremo (CF, art. 102, I, b). Solicitadas informações pelo Ministro Teori Zavascki (relator), o magistrado reclamado esclarecera que, durante interceptação telemática, teriam sido colacionadas, em encontro fortuito de provas, mensagens trocadas com pessoa identificada por determinado sobrenome. Explicara que, somente após buscas e apreensões, a polícia federal concluíra que o nome citado se referiria a deputado federal. Depreendera, do conteúdo das mensagens, possível caráter criminoso. O magistrado destacara, ainda, que o parlamentar não fora investigado no processo e que as supostas provas em relação a ele teriam surgido fortuitamente, após interceptação dos terminais de outra pessoa, não parlamentar. Pontuara que, no material selecionado pelo próprio juízo reclamado para remessa ao STF, haveria relatório de monitoramento telemático datado de 17.4.2014, em que teriam sido trocadas mensagens entre determinada pessoa e parlamentar, ao longo de largo período de tempo. Na sequência, o relator, Ministro Teori Zavascki, deferira a liminar na reclamação para suspender o processamento dos inquéritos e das ações penais relacionados pela autoridade reclamada e determinara a remessa imediata dos autos correspondentes ao STF. Esclarecera que assim, teriam sido remetidos ao STF os autos das presentes ações penais acompanhados de outros procedimentos investigatórios em curso.
AP 871QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-871)
AP 872 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-872)
AP 873 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-873)
AP 874 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-874)
AP 875 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-875)
AP 876 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-876)
AP 877 QO/PR rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-877)
AP 878 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-878)
Competência por prerrogativa de foro e desmembramento - 2
A Turma consignou que a competência de foro por prerrogativa de função seria matéria de direito estrito, reservada às ações penais e aos inquéritos em que se figurasse patente a participação das autoridades indicadas no preceito constitucional. Pontuou que, em relação ao parlamentar com prerrogativa de foro perante o STF, a referência a ele teria sido veiculada somente a partir de 17.4.2014, nos autos de interceptação telefônica e telemática de não parlamentar. Registrou que, com relação às ações penais em que não figurassem pessoas com prerrogativa de foro, não haveria razão para submetê-las à jurisdição do STF. Reputou que essas ações deveriam ser remetidas ao juízo de primeiro grau para que lá reassumissem seu curso a partir do estado em que se encontrassem. Considerou que essas providências não deveriam inibir que a higidez dos atos e provas neles produzidos viesse a receber o controle jurisdicional apropriado, se fosse o caso. Enfatizou que não caberia a qualquer órgão judiciário de inferior jurisdição manter, em situações em que houvesse hipótese de conexão ou de continência de causas — em relação a terceiros que não detivessem prerrogativa de foro — a tramitação da persecução penal. Concluiu que o juízo de conveniência fundado no art. 80 do CPP, quanto à eventual cisão processual, competiria sempre ao STF. Advertiu que, definida objetivamente uma data no tempo — 17.4.2014 — os atos probatórios produzidos antes desse momento se revestiriam de plena validade.
AP 871QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-871)
AP 872 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-872)
AP 873 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-873)
AP 874 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-874)
AP 875 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-875)
AP 876 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-876)
AP 877 QO/PR rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-877)
AP 878 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-878)
Decisão publicada no Informativo 750 do STF - 2014
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